Gaetano Pesce

Às vésperas de completar 82 anos, Gaetano Pesce continua sendo essencial. Tanto quanto o era, no início da década de 1960, quando, ainda arquiteto recém graduado em Veneza, começa a exercitar sua modalidade muito especial de expressão, que tem suas bases na sensível observação das conexões entre indivíduo e sociedade, traduzidas por ele em forma de arte, arquitetura e design.

Visionário, um dos seus primeiros projetos, a poltrona Up 5&6, sugeria uma voluptuosa figura feminina que, acorrentada a um pufe, já denunciava, à sua época, e à sua maneira – sem meias palavras – as restrições sociais impostas às mulheres. Isso, em uma época em que o movimento feminista ainda ensaiava seus primeiros passos.

Transgressora por natureza, a obra de Gaetano fala, fundamentalmente, da experiência humana. De toda sua beleza, mas igualmente de suas imperfeições, tomadas pelo designer como faces de uma mesma moeda. E, exatamente por isso, pode ser lida como um manifesto permanente a favor da mais ampla diversidade. Seja ela de cores e formas. De técnicas de produção ou de materiais.

Inspirando – e sendo por eles inspirado – Pesce permanece uma referência para toda uma legião de jovens ao redor do planeta. O caráter questionador de seu trabalho faz com que ele seja objeto de viva atenção por parte das novas gerações de designers. Esteja ele em plena atividade em seu seu ateliê no Brooklin, em Nova York, proferindo uma de suas concorridas aulas magnas, inaugurando uma retrospectiva ou percorrendo os corredores das grandes feiras internacionais.

Adriana era uma entusiasta do design. Dedicou sua vida a desvendar, a veicular, a propagar a cultura do projeto. Ouso dizer que a história do design brasileiro não seria a mesma sem ela. E, por tudo isso, nada mais justo do que perpetuar sua memória por meio do que ela sabia fazer de melhor: descobrir e incentivar talentos.”

Do Brasil, país que conhece como poucos, Pesce nutre intensas recordações. De lugares e experiências por aqui vividas. De trabalhos realizados, ainda em andamento, ou que ficaram na dimensão do sonho. Mas sobretudo da gente brasileira. E, em especial, de Adriana Adam, a quem, por meio deste concurso, ele resolveu reverenciar.

“Adriana era uma entusiasta do design. Dedicou sua vida a desvendar, a veicular, a propagar a cultura do projeto. Ouso dizer que a história do design brasileiro não seria a mesma sem ela. E, por tudo isso, nada mais justo do que perpetuar sua memória por meio do que ela sabia fazer de melhor: descobrir e incentivar talentos”, afirma.

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